O Relógio Sem Ponteiros

Domingo

Em um Domingo qualquer, o tempo parecia diluir-se em uma eternidade tênue, como um rio que esqueceu sua foz. Muitos de nós vivemos com um relógio sem ponteiros, marcando os dias com o peso do ‘ainda não’ e o lamento do ‘se eu tivesse’. Observamos as estações mudarem lá fora, as folhas caírem e brotarem, mas por dentro, tememos o próprio ciclo, o medo de florescer em uma primavera que talvez nunca chegue.

Recordo-me de um antigo pergaminho que falava de um viajante que, ao se perder em um deserto infinito, deparou-se com uma única fonte de água cristalina. Ao invés de beber, ele lamentou não ter encontrado um oásis inteiro, um paraíso prometido. E assim, a sede o consumiu. Quantas vezes não fazemos o mesmo? Esperamos pelo grande oásis da felicidade, do sucesso, do amor, ignorando a pequena fonte de alegria que brota a cada instante, a cada escolha, a cada simples respiração.

A vida não é um destino a ser alcançado, mas uma melodia a ser tocada, nota por nota, com as pausas e os ritmos que a alma dita. Não há um maestro invisível a determinar quando sua sinfonia deve começar ou terminar. A batuta é sua. O silêncio antes de uma grande melodia não é ausência, é preparação. Não espere pelo amanhã para afinar seu instrumento. O tempo para dançar com a vida é agora, com a canção que já reside em você, esperando apenas para ser ouvida e compartilhada.


This email was sent automatically with n8n