A Semente Esquecida no Asfalto

Quinta-feira

A semente, pequena e aparentemente insignificante, jazia sobre o asfalto quente. Não havia terra fértil, nem a promessa de chuva suave, apenas a dureza indiferente do caminho e o sol inclemente. Muitos passavam, pisoteando, sem notar a vida latente ali, a espera silenciosa de um propósito. A semente, contudo, não se desesperava. Ela não olhava para as outras sementes que já eram árvores frondosas em jardins distantes, nem lamentava a ausência do solo macio que lhe era "devido". Ela apenas… existia.

Mas em seu âmago, havia uma força inabalável, uma memória ancestral de crescimento, um projeto divino de vida. E então, um dia, uma minúscula rachadura no asfalto. Um fio de umidade que ninguém percebeu. Não foi a tempestade desejada, nem o jardim sonhado. Foi o suficiente. Naquele minúsculo espaço, contra todas as probabilidades, a semente começou a se mover, a se esticar, a romper a casca.

Quantas vezes somos nós a semente no asfalto? Rodeados por um ambiente que parece hostil, desprovidos do que consideramos ideal, olhando para o que os outros têm. Esquecemos que a maior fertilidade reside em nós mesmos, na capacidade de encontrar a fenda, de usar a pouca luz e a escassa umidade para iniciar a nossa própria jornada de florescimento. Não espere o jardim perfeito. Seja a semente que encontra a vida na fenda do improvável, revelando a sua própria resiliência e a beleza de florescer onde ninguém esperava.


This email was sent automatically with n8n