A Semente Esquecida no Asfalto

Terça-feira

Era uma vez, no deserto árido da vida cotidiana, uma pequena semente de dente-de-leão que pousou não na terra fértil, mas na rachadura fria e implacável do asfalto. As outras sementes, levadas pelo vento, zombavam de sua sorte. "Pobre coitada", murmuravam, "condenada à esterilidade, sem água, sem sol, apenas a dureza do caminho." E a semente ouvia, sentindo a verdade amarga em suas palavras. No entanto, algo dentro dela recusava-se a sucumbir.

Dia após dia, sob o sol escaldante e as noites gélidas, a semente persistiu. Ela não tinha a suavidade da terra para abraçá-la, nem a abundância de uma fonte próxima. Mas tinha a memória de seu propósito: a vida. Com uma força que desafiava a lógica, suas raízes minúsculas começaram a se aprofundar, não em busca de conforto, mas de qualquer vestígio de umidade que pudesse se esconder nas microfissuras da pedra. Seus brotos lutaram contra o peso do concreto, empurrando, cedendo, mas jamais desistindo.

E então, um dia, para o espanto de todos que passavam e das outras sementes que já haviam florescido em campos distantes, uma pequena flor amarela desabrochou na rachadura. Era um ponto de luz, uma explosão de vida onde só se esperava o fim. A flor não era a maior, nem a mais exuberante, mas seu brilho era o mais puro, pois vinha da mais profunda superação. Ela nos ensina que a fertilidade não está apenas no solo, mas na obstinação do espírito. Não importa onde a vida nos planta; a verdadeira questão é: o que faremos com a semente que somos? Abrace a sua rachadura, e floresça.


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